Sharenting: até que ponto você pode compartilhar a vida de seus filhos nas redes sociais
Você já parou para pensar no que significa compartilhar fotos, vídeos e relatos dos seus filhos nas redes sociais? Essa prática, chamada de sharenting, é uma combinação das palavras em inglês share (compartilhar) e parenting (paternidade ou maternidade), e se refere ao hábito de muitos pais e mães de expor a vida dos seus filhos online.
O sharenting pode ter diversas motivações, como registrar momentos especiais, celebrar conquistas, trocar experiências, pedir conselhos, receber elogios, etc. Mas também pode ter diversas consequências, nem sempre positivas, tanto para os pais quanto para os filhos.
Neste artigo, vamos abordar os principais aspectos do sharenting, como os benefícios, os riscos, os limites e as recomendações para uma prática consciente e responsável.
Guia do Conteúdo
Quais são os benefícios do sharenting?
- Fortalecer os laços familiares e sociais, ao compartilhar momentos de alegria, orgulho, emoção, gratidão, etc, com familiares, amigos e outras pessoas que se importam com os filhos;
- Ampliar o senso de comunidade e de pertencimento, ao participar de grupos, fóruns, páginas ou perfis que abordam temas relacionados à paternidade ou à maternidade, como educação, saúde, alimentação, lazer, etc;
- Obter apoio e orientação, ao buscar informações, dicas, sugestões, opiniões, recomendações, etc, de outros pais ou de profissionais que possam ajudar a resolver dúvidas, problemas ou dificuldades;
- Promover a autoestima e a confiança, ao receber feedbacks positivos, elogios, incentivos, reconhecimentos, etc, sobre o desempenho, o comportamento, o talento, a beleza, etc, dos filhos;
- Estimular a criatividade e a expressão, ao produzir conteúdos originais, divertidos, educativos, inspiradores, etc, sobre os filhos, que possam entreter, informar, ensinar ou motivar outras pessoas.
Quais são os riscos do sharenting?
O sharenting também pode trazer alguns riscos para os pais e para os filhos, como:
- Violar a privacidade e o direito à imagem dos filhos, ao expor aspectos íntimos, pessoais, sensíveis ou constrangedores da sua vida, sem o seu consentimento ou conhecimento, que possam afetar a sua reputação, a sua segurança ou o seu bem-estar;
- Expor os filhos a ameaças ou perigos, ao divulgar informações que possam facilitar a identificação, a localização, o contato ou o acesso de pessoas mal-intencionadas, como pedófilos, sequestradores, golpistas, etc;
- Gerar conflitos ou desentendimentos, ao compartilhar conteúdos que possam ofender, magoar, irritar ou desrespeitar os filhos ou outras pessoas, como familiares, amigos, professores, etc, ou que possam gerar comparações, competições, invejas, etc;
- Causar danos psicológicos ou emocionais, ao submeter os filhos a uma pressão excessiva, a uma exposição indesejada, a uma cobrança injusta, a uma crítica negativa, a um julgamento alheio, etc, que possam afetar a sua autoestima, a sua confiança, a sua identidade ou a sua saúde mental;
- Perder o controle ou a propriedade dos conteúdos, ao publicá-los em plataformas que podem armazená-los, reproduzi-los, modificá-los ou distribuí-los sem a sua autorização ou conhecimento, ou que possam ser alvo de hackers, vírus, etc.
Quais são os limites do sharenting?
O sharenting não tem uma regra única ou universal, mas depende do bom senso, do respeito e do equilíbrio de cada pai ou mãe. No entanto, existem alguns limites que devem ser observados, como:
- Respeitar a vontade e a opinião dos filhos, perguntando se eles concordam ou não com o compartilhamento de determinado conteúdo, e acatando a sua decisão, especialmente se eles forem mais velhos ou mais conscientes;
- Evitar compartilhar conteúdos que possam comprometer a dignidade, a integridade, a intimidade ou a segurança dos filhos, como fotos ou vídeos de nudez, de violência, de doença, de acidente, de castigo, etc;
- Evitar compartilhar conteúdos que possam expor informações pessoais ou sensíveis dos filhos, como nome completo, endereço, telefone, escola, rotina, documentos, etc;
- Evitar compartilhar conteúdos que possam gerar polêmica, controvérsia ou ofensa, como opiniões políticas, religiosas, morais, etc, que não reflitam a visão ou a vontade dos filhos;
- Evitar compartilhar conteúdos que possam prejudicar o desenvolvimento, a aprendizagem, a socialização ou a diversão dos filhos, como interromper uma brincadeira, uma lição, uma conversa ou um momento de lazer para tirar uma foto ou um vídeo.
Quais são as recomendações para um sharenting consciente e responsável?
Para praticar um sharenting consciente e responsável, é preciso seguir algumas recomendações, como:
- Refletir antes de compartilhar, pensando nas motivações, nas consequências, nos benefícios e nos riscos de cada conteúdo, e se ele é realmente necessário, relevante ou interessante;
- Conversar com os filhos, explicando o que são as redes sociais, como elas funcionam, quais são as suas vantagens e desvantagens, e como eles podem participar ou não do sharenting, de forma segura, saudável e respeitosa;
- Respeitar os limites, seguindo as orientações já mencionadas, e também as leis e as normas que regulam o uso das redes sociais, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os termos de uso e as políticas de privacidade das plataformas;
- Proteger os conteúdos, usando recursos de segurança, como senhas, antivírus, criptografia, etc, e de privacidade, como filtros, bloqueios, restrições, etc, para evitar que os conteúdos sejam acessados, copiados, alterados ou distribuídos por pessoas não autorizadas;
- Monitorar os resultados, acompanhando as reações, os comentários, as avaliações, os compartilhamentos, etc, que os conteúdos geram, e verificando se eles estão de acordo com as expectativas, os objetivos e os valores da família.
Conclusão
O sharenting é uma prática que pode ter aspectos positivos e negativos, dependendo da forma como é feita. Por isso, é importante que os pais e os filhos estejam conscientes e informados sobre os benefícios, os riscos, os limites e as recomendações para compartilhar a vida dos filhos nas redes sociais.
O sharenting deve ser feito com respeito, equilíbrio e bom senso, buscando preservar a privacidade, a segurança, a dignidade e a saúde dos filhos, bem como os seus direitos e interesses. O sharenting também deve ser feito com diálogo, transparência e participação, envolvendo os filhos nas decisões e respeitando as suas vontades e opiniões.
O sharenting pode ser uma forma de fortalecer os laços familiares e sociais, de ampliar o senso de comunidade e de pertencimento, de obter apoio e orientação, de promover a autoestima e a confiança, e de estimular a criatividade e a expressão. Mas também pode ser uma forma de violar a privacidade e o direito à imagem dos filhos, de expor os filhos a ameaças ou perigos, de gerar conflitos ou desentendimentos, de causar danos psicológicos ou emocionais, e de perder o controle ou a propriedade dos conteúdos.
Por isso, é fundamental que os pais e os filhos se informem, se preparem e se planejem para o sharenting, buscando superar os desafios e garantir uma prática consciente e responsável.
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